sexta-feira, 15 de junho de 2012

Repetições Infinitas.

Então começa tudo de novo. Encontro você. Sorrio. "Não sabia que ia te encontrar", eu falo. "Nem eu.", você responde. Você me abraça forte, tirando o meu ar. Há tempos não tenho um abraço assim, tão aconchegante. Ficamos calados por um momento nos olhando sem perder o sorriso nos lábios. O que é tão engraçado? Não sei. Mas sinto uma necessidade de sorrir quando estou com você. E não é  porque está coberto com pústulas de pus em cicatrização em todo o rosto. Rio de felicidade por uma espontânea aparição sua. Depois de todo o ensino médio quando você era meu melhor amigo, e (segundo o nosso melhor amigo) tinha uma quedinha por mim, nos afastamos violentamente. Primeiro aquela sua namorada. Mas eu entendo porque você ficou com ela. É o tipo de coisa que garotos fazem. Ela era um pouco bonita, mais do que eu pelo menos. Talvez simpática com você. Ela te dava atenção. Você dava atenção à ela. Mas você nos abandonou, sabe? A gente te disse várias vezes. Depois a faculdade. Um mundo novo, amigos novos. Não desaparecemos, é claro. Seria impossível. Só nos vemos menos. Bem menos. O que deixa um espaço vazio latejando dentro de mim. Não dói, só incomoda. É tão mais completo e aquecido quando estou com você, mesmo que não faça frio. "E então? Já ficou melhor?", continuo sem parar de rir. Você, também rindo, diz: "São duas semanas de recuperação.". Vamos saindo do lugar juntos. Não de mãos dadas como no último rodízio de pizza que nós quase fizemos isso. Só rindo sem motivo desta vez."Tem aula agora?", você quer saber. "Não. Só mais tarde. E você?"."Só pegando um livro. Tenho que almoçar ainda.", como se fosse novidade pra mim ver você com fome. É a deixa. Você vai, de novo, embora. Vamos, faça/diga alguma coisa. Sabe o que tem que dizer, minha cabeça martela. Então se forma um nó apertado na minha garganta, como se eu fosse chorar. Esse nó me impede de dizer que eu te amo. Que eu estou afim de você como outras garotas da sua igreja devem estar agora. Como as únicas duas da sua sala devem estar também. Continuo sorrindo no silêncio incômodo que se forma entre nós. Não digo nada. O nó está tão apertado quanto é possível. Ele prende as palavras para que elas não causem um estrago muito grande que eu temo. Você olha o relógio."Eu tenho que ir. Estou com fome.". É eu sei ,eu penso. Você me abraça de novo. Não apertado como o ultimo. Carinhoso. Eu não quero te soltar. Deus podia parar o tempo alí e eu estaria imensamente feliz. Pararia no único afeto que trocaremos em meses. Um abraço. Quantas vezes eu já imaginei despedidas completamente diferentes dessa. Perco as contas. E então você começa a andar no sentido oposto do meu. Indo embora, não sei aonde. Só sei que é longe o suficiente pra que eu fique sem te ver por um bom tempo. Então me viro e vou embora também, com a cabeça já lamentando por não ter feito a boca abrir. Eu sou uma idiota mesmo. 

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